Angola e Moçambique entre os africanos com maiores problemas de liquidez

A agência de notação financeira Moody’s considerou que Angola e Moçambique estão entre os países africanos que vão enfrentar os maiores problemas de liquidez este ano devido à queda dos preços das matérias-primas.

Num relatório sobre os ‘ratings’ dos países da África subsaariana, divulgado esta terça-feira (10.01), a Moody’s diz que “o impacto negativo na liquidez resultante do choque dos preços do petróleo e das matérias-primas vai estar principalmente concentrado no Gabão, Moçambique, República Democrática do Congo e Zâmbia, mas também será evidente em Angola e, em menor extensão, na Nigéria”.

O relatório sobre esta região, a que a Lusa teve acesso, com o título ‘Perspetiva Negativa num contexto de stress de liquidez, baixo crescimento e risco político”, pormenoriza que “no final do ano passado, a Moody’s tinha revisto em baixa um terço dos 19 países analisados na região, em média em dois níveis, o que compara com as 29 descidas nos ratings a nível global, representando 22% dos 134 países analisados” pela agência de notação financeira.

 Perspetiva de Evolução Negativa

Logo Schriftzug Moody´s (picture alliance/dpa)

Cinco dos sete países que viram o ‘rating’ descer, entre os quais estão Angola (B1 com Perspetiva de Evolução Negativa) e Moçambique (Caa3 com Perspetiva de Evolução Negativa), “têm uma Perspetiva de Evolução Negativa, sublinhando a visão da Moody’s de que as pressões que levaram à descida do ‘rating’ vão persistir em 2017”, escrevem os analistas.

“As economias da África subsaariana vão continuar a enfrentar dificuldades de liquidez induzidas pelas matérias-primas em 2017, com défices orçamentais recorrentes em condições financeiras desafiantes”, comentou a vice-presidente da Moody’s e coautora do relatório, Lucie Villa.

“Estes são constrangimentos importantes que vão continuar e que sustentam a nossa análise sobre a Perspetiva de Evolução Negativa para a África subsaariana, no geral”, acrescentou a analista.

A Perspetiva de Evolução Negativa é uma análise que a Moody’s faz sobre os próximos 12 a 18 meses, e antecipa geralmente uma revisão em baixa do ‘rating’.
Recomendação de não investimento

Angola Luanda Kwanza (DW/V. T.)

No caso de Angola e Moçambique, ambos estão neste caso e ambos têm um ‘rating’ de recomendação de não investimento, ou seja, ‘lixo’ ou ‘junk’, como é tradicionalmente conhecido.

Em média, a Moody’s antecipa para este ano um crescimento económico de 3,5% nos países analisados nesta região, o que representa uma subida face aos 1,5% antecipados em 2016.

“No entanto, o valor vai variar significativamente na região; os países que estão dependentes das exportações de matérias-primas vão ver a sua atividade económica limitada em 2017”, lê-se no relatório.

 

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…porque, segundo críticos, o presidente José Eduardo dos Santos (numa foto da campanha eleitoral) “domina tudo”: o poder Executivo, o Judiciário e o Legislativo, diz o economista Fernando Heitor. José Eduardo dos Santos também parece dominar muitas ruas de Luanda: em novembro de 2012, quase todas as imagens eram da campanha do partido no poder, o MPLA.

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Para o educador Fernando Pinto Ndondi, o governo angolano deveria investir “no homem e não no asfalto”. Há cinco anos, Fernando e sua famíla foram desalojados da ilha de Luanda por causa da construção de uma estrada. Agora vivem nestas casas precárias. O governo constrói novas casas para a população. Porém, os preços, a partir de 90 mil dólares, são altos demais para a maior parte dos angolanos.

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PERCEPTIONS

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